Quanto de dinheiro se perde ao secar o café até 10% de umidade nos patamares atuais de preços (R$$)?

Publicado em 25 setembro, 2025

A recepção do café em cooperativas e exportadoras segue um padrão bem definido: os grãos devem apresentar entre 11% e 12% de umidade. Acima ou abaixo dessa faixa, o café pode ser recusado ou sofrer deságio no preço.

Mas afinal, quanto custa em valores reais ao produtor secar o café até 10% de umidade?
É o que vamos analisar neste artigo.


📉 O impacto direto no bolso do produtor

Vamos começar com uma simulação bastante comum na rotina de muitas propriedades cafeeiras:

  • Uma saca de 60 kg de café beneficiado a 11,5% de umidade contém 6,9 kg de água.
  • Se esse café for desidratado até 10%, a diferença de 1,5% equivale a aproximadamente 900 g de massa por saca.

Na cotação atual (25/09/25), o café tipo 6 está sendo comercializado a R$ 2.200,00 por saca de 60 kg.
Isso significa que cada quilo de café vale R$ 36,67 (R$ 2.200 ÷ 60).

👉 Logo, os 900 g perdidos ao secar até 10% correspondem a R$ 33,00 por saca.

Em uma safra de 1000 sacas, isso representa R$ 33.000,00 literalmente evaporando em água.


📦 A redução no número de sacas

Além da perda direta de peso, o produtor enfrenta outro problema: a diminuição no número final de sacas.

  • 1000 sacas de 60 kg a 11,5% de umidade
    ➡️ se transformam em apenas 983 sacas quando ajustadas para 10%.

Ou seja, o produtor deixa de ter 17 sacas para vender.
Com o preço de R$ 2.200,00 cada, isso significa mais R$ 37.400,00 em prejuízo.

Somando os dois fatores:

  • 💸 R$ 33.000,00 (perda em peso)
  • 💸 R$ 37.400,00 (17 sacas a menos)

➡️ O prejuízo total pode chegar a R$ 70.400,00 em apenas uma safra de mil sacas.


⚖️ Secagem correta: qualidade e rentabilidade

Secar café não é simplesmente colocar os grãos no secador e esperar atingir 11,5%.
Durante a desidratação, várias variáveis influenciam diretamente o lucro final do produtor:

  • Taxa de secagem fora do padrão pode representar até R$ 100,00 por saca em perdas.
  • velocidade de retirada da água tem relação direta com a preservação da qualidade do grão.
  • temperatura e umidade do ar aquecido precisam estar em equilíbrio; caso contrário, o processo pode se inverter e o grão voltar a absorver água.

Isso gera desperdício de tempo, energia elétrica, biomassa (lenha/palha) e mão de obra.


🚀 Conclusão

secagem de alta performance vai muito além de preservar qualidade sensorial.
Ela é, sobretudo, uma forma de proteger o lucro e a rentabilidade do negócio.

Cada ponto percentual de umidade mal ajustado pode custar milhares de reais ao produtor.
Por isso, investir em tecnologia e controle do processo não é gasto, é estratégia de sustentabilidade econômica e competitividade no mercado de café.

Todo o conteúdo deste artigo foi desenvolvido e escrito por Rodrigo Mira, com base em sua expertise e experiência de mais de uma década no desenvolvimento de tecnologias para o agronegócio do café.
A inteligência artificial foi utilizada exclusivamente para apoio na diagramação, estruturação do texto e criação das imagens ilustrativas.

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Secador de caixa, quais os desafios?

Publicado em 11 setembro, 2025

Os secadores de leito fixo, conhecidos como secadores de caixa, foram desenvolvidos na década de 1980 pela UFV (Universidade Federal de Viçosa). A versão original possuía câmara circular, mas as versões retangulares se popularizaram por serem mais simples e econômicas.

Entre 2015 e 2016, o modelo ganhou destaque na Zona da Mata Mineira, pela sua viabilidade, e logo se espalhou para regiões como o Sul de Minas e o Norte Pioneiro do Paraná.

Apesar dos secadores rotativos serem amplamente utilizados na secagem do café, os secadores de caixa possuem vantagens que justificam sua utilização como:

✅ Vantagens do Secador de Caixa

  • Custo menor de construção e manutenção → pode ser construído localmente, com materiais simples.
  • Baixo consumo de energia elétrica → ventiladores axiais geralmente consomem menos que sistemas mais complexos.
  • Capacidade de trabalhar com lotes médios a grandes sem necessidade de mão de obra constante.
  • Boa alternativa para pequenos/médios produtores que não podem investir em rotativos.
  • Mais flexível para quem ainda combina terreiro + secagem mecânica (usa-se o secador de caixa para terminar a secagem).

❌ Desvantagens do Secador de Caixa

  • Secagem menos uniforme → especialmente se a camada for muito alta ou se faltar revolvimento.
  • Maior risco de fermentação ou mofo se o processo não for bem conduzido.
  • Dependência de boas práticas manuais (revolvimento, carregamento, controle da altura da camada).
  • Qualidade final pode ser inferior ao rotativo em termos de bebida, se não houver manejo adequado.

🔧 Como minimizar as desvantagens

  1. Secagem menos uniforme
    Evite colunas de grãos muito altas. Quanto maior a camada, mais difícil o ar quente atravessar — ele entra quente e seco e sai frio e úmido na superfície.
  2. Fermentação negativa (mofo e grãos ardidos)
    Ocorre pelo acúmulo de umidade que sobe para a superfície. O revolvimento correto evita o problema — mas exige atenção ao momento ideal de realizar a operação.
  3. Dependência de boas práticas manuais
    Sistemas de automatização como os da Campotech já monitoram pontos críticos de temperatura:
    • Base do secador (primeiro contato com o ar quente)
    • Meio (onde a temperatura deve ser 50% da do ar)
    • Superfície (maior risco de fermentação negativa)
  4. Qualidade final pode ser inferior
    Com bom manejo e tecnologia, a secagem no secador estático pode atingir qualidade comparável ao rotativo, com a vantagem de não causar dano mecânico aos grãos.

Saiba mais sobre a tecnologia digital da Campotech aplicado no secador de estático clicando nesse link: https://campotech.com/produtos-/coffee-smart/

Todo o conteúdo deste artigo foi desenvolvido e escrito por Rodrigo Mira, com base em sua expertise e experiência de mais de uma década no desenvolvimento de tecnologias para o agronegócio do café.
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Concurso Minasul de Cafés Especiais 2025.

Publicado em 9 setembro, 2025

As inscrições para o Concurso Qualidade Minasul de Cafés Especiais iniciaram em 26/08/2025 e seguem abertas até 19/09/2025. Todos os produtores de cafés arábica cooperados da Minasul podem participar.

Segundo a cooperativa, o concurso “visa sempre promover a qualidade do café de seus cooperados junto aos mercados nacional e internacional e à comunidade consumidora, alinhado às novas preocupações com a sustentabilidade das propriedades produtoras”.

As amostras podem ser enviadas nas categorias: Natural, Cereja Descascado/Despolpado, Fermentado e AMAM(Associação das Mulheres do Agronegócio Minasul), todas referentes à safra 25/26.


Crescimento dos Cafés Especiais no Brasil

O Brasil é líder mundial na exportação de café e vem se consolidando também no consumo de cafés especiais.

  • Atualmente, 15% a 20% do consumo interno já é de especiais, representando 3 a 4,5 milhões de sacas/ano.
  • Até 2030, esse número pode dobrar ou triplicar, chegando a 7 milhões de sacas/ano.

Essa tendência demonstra que o mercado de cafés especiais está em expansão e abre oportunidades para produtores que buscam margens maiores e independência do preço da commodity.


O papel das cafeterias no consumo de cafés especiais

O crescimento do consumo de cafés especiais está diretamente relacionado à expansão de cafeterias no Brasil:

📊 Crescimento de Cafeterias (últimos 5 anos)

  • 2018–2019: ~3.500 cafeterias especializadas (Euromonitor / Sebrae).
  • 2020–2021: mesmo na pandemia, o setor cresceu com delivery, cafés to-go e coffee trucks.
  • 2022–2023: forte retomada, expansão de franquias e redes como Octavio, The Coffee, Sterna e Mais1Café.
  • 2024: estimativa de 5.500 a 6.000 cafeterias especializadas (sem incluir padarias e restaurantes).

➡️ Um crescimento de 60% a 70% em apenas 5 anos.

☕ Por que isso impulsiona os cafés especiais?

  • Primeiro contato do consumidor: muitos brasileiros provam café especial pela primeira vez em cafeterias urbanas.
  • Educação de mercado: cafeterias ensinam sobre métodos de preparo, notas sensoriais e origem.
  • Interiorização: hoje chegam a cidades médias do interior, democratizando o acesso.

🔗 Conexão direta com o consumo

  • Em 2019, o consumo era de ~2 milhões de sacas/ano.
  • Em 2024, já alcança 3,3 a 4,5 milhões de sacas/ano.

O salto de 70% a 100% em 5 anos acompanha de perto o aumento no número de cafeterias no mesmo período. Cada nova cafeteria ajuda a formar novos apreciadores, que depois passam a comprar cafés especiais para consumo em casa.


Tecnologia como aliada do produtor

A produção de cafés especiais exige processos precisos e consistentes. É nesse cenário que a Campotech se destaca, desenvolvendo tecnologias digitais que aumentam as chances de produzir cafés de alta qualidade.

Seus controladores digitais automatizam os secadores, garantindo uniformidade durante a secagem e controle preciso da temperatura — fatores essenciais para preservar atributos sensoriais e agregar valor ao café.

👉 Conheça todos os equipamentos que estão transformando o agronegócio do café acessando este link:

https://campotech.com/linha/controle-e-gestao-em-todo-o-processo-de-secagem/.

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Os desafios da remoção de água no interior do grão de café.

Publicado em 21 agosto, 2025

A secagem mecânica do café é um dos processos mais desafiadores do pós-colheita, especialmente em sua fase final. O ponto crítico ocorre quando o grão atinge cerca de 15% de umidade e precisa chegar a 11% para garantir segurança no armazenamento.

Na fase inicial, a retirada de água ocorre de forma mais rápida, pois trata-se da água retida fracamente por capilaridade. Esse período pode ser observado nas primeiras horas de secagem do café verde e cereja, quando o teor de água ainda é muito elevado.

Depois desse estágio, a secagem passa a atuar diretamente no endosperma e no interior do grão, onde a velocidade de transporte de água para a superfície se torna o fator limitante. Nessa etapa, a taxa de secagem precisa ser acompanhada de perto.

Como explica o professor Flávio Meira Borém em seu livro Pós-Colheita do Café (UFLA, 2008, p. 207):

“O período de secagem a taxa constante é muito curto ou inexistente, porque, nas condições operacionais do processo, as resistências às transferências de água encontram-se essencialmente no seu interior, tornando a taxa de evaporação superficial acentuadamente superior à taxa de reposição de água do interior para a superfície do produto.”

A partir da chamada “meia-seca”, a taxa interna de transporte de água torna-se menor que a taxa de evaporação. Consequentemente, a temperatura do grão aumenta, aproximando-se da temperatura do ar de secagem — o que representa um alto risco para a preservação da qualidade.

É comum, nesse ponto, que a temperatura do ar aquecido se iguale à da massa de grãos. Esse fenômeno, já descrito pelo professor Borém, torna o controle da temperatura um aspecto sensível: todos os esforços feitos pelo produtor até ali podem ser comprometidos em poucas horas.

E, muitas vezes, esses esforços são irrecuperáveis dentro do mesmo ano-safra. Afinal, o cafeicultor já investiu em tratos culturais, infraestrutura, mão de obra, manejo e manutenção da lavoura, lidando diariamente com variáveis fora de seu controle, como clima, especulação de mercado e oscilação de preços na bolsa. Assim, a secagem pode ser um verdadeiro ponto de inflexão: contribuir para o sucesso ou acelerar prejuízos.

Nos últimos meses, atravessamos um momento de preços historicamente elevados — em agosto de 2025, a saca do tipo 6 ultrapassou R$ 2.000,00, algo não visto desde 1977. Em cenários como esse, muitos produtores podem deixar de priorizar a qualidade, já que o retorno financeiro vem do volume, não do diferencial do café especial.

Entretanto, quando os preços retornarem a patamares mais baixos, a qualidade voltará a ser decisiva. Produzir cafés especiais não só garante margens maiores na comercialização, mas também torna o processo mais eficiente: redução de 67% no consumo de energia, tempo de secagem e uso de lenha/palha, em média.

Portanto, a busca por eficiência e inovação na secagem deve ser constante. Mais do que preservar a qualidade, é um diferencial competitivo para garantir sustentabilidade e protagonismo no agronegócio do café.

Todo o conteúdo deste artigo foi desenvolvido e escrito por Rodrigo Mira, com base em sua expertise e experiência de mais de uma década no desenvolvimento de tecnologias para o agronegócio do café.
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Tecnologia brasileira reduz 36 milhões de toneladas de CO₂ na secagem de café em 2025.

Publicado em 11 agosto, 2025

Santa Rita do Sapucaí (MG) – Uma solução desenvolvida no coração do polo tecnológico do Sul de Minas está transformando a forma como o café é seco no Brasil e no mundo. A Campotech, startup brasileira sediada em Santa Rita do Sapucaí, criou uma linha de controladores digitais inteligentes para secadores de café que, somente na safra de 2025, evitaram a emissão de 36 milhões de toneladas de CO₂ na atmosfera.

Em um momento em que o planeta enfrenta o desafio urgente de reduzir gases de efeito estufa, a tecnologia da Campotech se tornou uma aliada estratégica do agronegócio.
Em dez anos de atuação, a empresa já instalou seus sistemas em mais de 2.500 secadores de café, garantindo redução média de 50% no consumo de lenha – principal combustível usado para gerar calor na secagem.

Segundo Rodrigo Mira, CEO e fundador da Campotech, o impacto vai muito além do consumo da lenha:

“Estamos falando de 50% menos corte de árvores, 50% menos caminhões transportando lenha e 50% menos logística de armazenamento e manejo. É uma redução em cadeia que se traduz em benefício direto para o meio ambiente e para os produtores.”

A importância dessa mudança dialoga diretamente com o apelo global por soluções sustentáveis no campo. A jornalista Raquel Arriola, do UOL, retratou esse desafio no documentário sobre mudanças climáticas e emissões de gases que agravam o aquecimento global. Assista aqui.

Para os cafeicultores, a tecnologia da Campotech não só reduz custos operacionais, como posiciona a produção de café brasileiro como referência em sustentabilidade e inovação no cenário internacional.
E, para o planeta, representa milhões de toneladas de CO₂ a menos – um resultado concreto e mensurável na luta contra a crise climática.

A imagem acima é a capa do documentário Idealizado pela jornalista Raquel Arriola, do UOL, a produção conta com a participação de cientistas como Paulo Artaxo (Universidade de São Paulo), Carlos Nobre (Universidade de São Paulo), Luciana Gatti e Antônio Nobre (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e Alexandre Costa (Universidade Estadual do Ceará), que são referência no estudo do clima e ajudam a entender os impactos já visíveis e os caminhos possíveis para enfrentar o colapso climático.

Todo o conteúdo deste artigo foi desenvolvido e escrito por Rodrigo Mira, com base em sua expertise e experiência de mais de uma década no desenvolvimento de tecnologias para o agronegócio do café.
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Como o tarifaço pode afetar o PREÇO do Café?

Publicado em 8 agosto, 2025

No dia 04/08 o programa Café Completo abordou com os especialistas Furlan e Heberson Vilas Boas de forma didática e precisa o impacto do tarifaço de Trump, que entrou em vigor no dia 06/08 com a tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras de Cafés aos EUA.

Confira o programa completo abaixo.

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Rodrigo Mira de Oliveira é um empreendedor apaixonado pela inovação no agronegócio. Com mais de uma década de experiência, ele alia conhecimento técnico, visão estratégica e compromisso com a transformação digital no campo. Fundador da Campotech, Rodrigo lidera um projeto que tem como propósito levar soluções em tecnologia digital e equipamentos para automação agrícola, com foco especial na pós-colheita do café e na eficiência operacional das fazendas.

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